Confraria dos Peixes

domingo, janeiro 28, 2007

Situação Desagradável

Hoje presenciei uma cena que me deixou muito mal por inúmeras razões. Estava eu estacionado em um posto popular de Bauru esperando para encontrar uma amiga que fiz recentemente, quando ao meu lado, o segurança do posto chega num rapaz que estava encostado no carro e pede pra que tire o veículo, o rapaz diz que já iria tirar. O segurança não convencido fechou a mão e deu um soco absurdamente forte no rosto do rapaz, deixando ele no chão e com o nariz provavelmente quebrado pela quantidade de sangue que saía.
Eis que chegam dois policiais que estavam presentes, porém acho que não viram a cena, e com toda calma analisam a situação. O frentista diz para mim: "Ele tava pedindo faz meia hora e o rapaz tava folgando". O segurança chega pra mim como se nada tivesse acontecido e pede com educação para retirar o carro, o que obviamente fiz.
As razões por ter me deixado mal:

- Violência gratuita.
- A maneira como a violência foi aplicada. Um soco absurdo, injustificável.
- A atitude da polícia ao tratar da situação, como se fosse algo completamente normal e pacato no dia-a-dia, o que não deixa de ser às vezes, mas não deveria ser tratado desta forma pelo menos.
- Saber que não conseguiria me defender de um sujeito forte como este segurança.
- A maneira óbvia como retirei o carro quando o segurança pediu, mesmo remoendo de vontade de quebrar ele inteiro, o que não conseguiria, como já foi falado no item anterior.

Porém o que mais me deixou mal foi o fato de apesar de todos esses fatores terem me irado, não fiz nada, mesmo sentindo o sangue ferver. A desculpa que uso, que funciona bem, é que não vale a pena, da mesma forma que não vale a pena ficar com raiva disso tudo e estressar por um problema que não me envolve diretamente, então uso a ótima desculpa e coloco minha cabeça no travesseiro em paz agora para viver normalmente amanhã.
Até quando essa desculpa vai me convencer?
Já não funciona tão bem como antigamente... não sei se o travesseiro ficou mais duro.. ou a cabeça mais pesada..

sábado, janeiro 27, 2007

A disputa entrou na Confraria

Vou novamente contar uma história que se iniciou alguns anos atrás na longínqua cidade de São Carlos. É uma história de desavenças e longas discussões. A um leitor sensível eu recomendo que pare de ler agora!
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Vamos lá... Não sei exatamente dizer como essa cisão surgiu, mas o que sei é que há dois grupos partidários de entidades rivais. Tais entidades viam-se confrontadas algumas vezes por mês, duas, talvez três, em raros momentos até mais que isso, ou menos. O local era sempre o mesmo.
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No início, o sítio em questão era uma zona de relaxamento, descontração e em algumas ocasiões até de algumas gargalhadas entre os indivíduos que compõe os grupos rivais.
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Os meses foram passando, e aquilo que era apenas uma preferência, uma questão de diferença de opinião se tornou muito mais do que isso. Era agora uma questão de honra, de vida ou morte.
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Odeio lembrar. Cabeças rolaram, de ambos os lados. Bons momentos se tornaram terríveis.
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Neste momento não estou defendendo minha causa, eu queria apenas apresentar o problema, e sei que ele dará margem a calorosas discussões (e quem sabe até a algo que não quero nem pensar) na Confraria.
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Eu sou um adepto do Dadinho (aquele da Dizioli) e por isso repudio os adeptos da paçoquinha (que escreverei com minúsculas para sinalizar ainda mais meu desprezo). O que a paçoca tem de especial, além de desmanchar inteira na mão, sujar tudo, cair no chão, e ser simplesmente amendoim amassado com açúcar? Qualquer um sabe fazer isso!
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Vou parar por aqui antes que eu comece a apontar nomes e ofender diretamente os adeptos da paçoca.
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Dadinho sempre.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Um Caipira na Capital (pseudo-diário)

Neste final de semana, evolui meu conceito sobre a grandeza das coisas em geral. Fui a São Paulo, após ter passado pela capital paulista há 6 anos. Nesta época não tinha muita noção e vi a cidade como algo inatingível, infinito, e que se eu me perdesse, nunca mais ninguém me encontraria. Todos os lugares eram mais longes do que eu poderia chegar e todas as pessoas ficavam à espreita, esperando uma brecha para me assaltarem ou seqüestrarem.

Mas descobri que:

**Começa a tocar “Louis Armstrong – What a Wonderful World”.





(Paulo Coelho mode ON)

Nenhum objetivo é tão longínquo a ponto de ser inatingível, assim como haverá sempre um limite para a maldade no coração das pessoas. Nada é tão grande que não podemos estender nossos braços espirituais e abraçarmos calorosamente.

Há apenas algo que temos para dar infinitamente, e haverá sempre alguém para receber e devolver mais intensamente, florescendo todos os nossos sentidos e nos mostrando aquilo que sempre procuramos... mas nunca descobrimos, porque na verdade está dentro de nós... o amor.

(Paulo Coelho mode OFF)



**Desliga o som.

Outro fato interessante foi eu ter “participado” do festival Ratha Yatra do Hare Krishna e achado isso bem divertido. Mas depois descobri que os adeptos do Hare Krishna não fazem sexo, e tudo perdeu a graça.


**Começa a tocar alguma música indiana com cítara.


Como o post está espirituoso, deixo aqui uma foto do tiozinho mais animado da passeata.


HARE KRISHNA!!!!! (com sexo)


terça-feira, janeiro 23, 2007

Repressão

Sobre nenhuma pressão então, faço minha primeira postagem com certo vacilo pois a excelência das temáticas abordadas, assim como a maneira de escrever dos meus dignissimos colegas, nascidos em 1984 e em 1985 como já fora explicado pela violência em forma de, básicamente, carbonos no post anterior.

Vejam bem que esses anos são muito emblemáticos sobretudo 1984. Afinal, como poderiamos nos esquecer da dignissima independência do não menos digno sultanato do Brunei, país cujo pratos típicos variam entre a carambola e a graviola, sendo esse ultimo utilizado contra o câncer por apresentar efeitos fitoterápicos.
O Brunei diga-se de passagem é uma nação maravilhosa. Quem nunca sonhou em morar em um lugar situado no norte da ilha de Borneu, aquele território do lendário jogo de estratégia War e que oferece a possibilidade de ataque a lugares espetaculares como a Austrália, o Vietnan e a não menos espetacular Nova Guiné, ilha que apresenta seu ponto culminante no imponente pico de Punka Jaya, com cinco mil e trinta metros de altura.

Vale lembrar também que o Brunei tem o maior palácio real do mundo, lar do sultão Hajji Hassanal Bolkiah Muhizzaddin Waddaulah, com 1788 cômodos e 275 banheiro, maior que o Vaticano, e com uma coleção particular de 165 Rolls-Royce e 63 Mercedes Benz.

Mesmo falando dessa belíssima nação que faz com que minha alma se esbalde em tamanho estado de felicidade plena, acredito ainda não estar fugindo do tema imposto a nós pelo Felipe para esse blog, algo que me deixa um pouco desolado afinal, devido a minha insatisfação com o tema proposto (lê-se imposto). Maior do que a minha insatisfação só a minha incapacidade de superar os arreios que o tema nos coloca. Algo triste!

Fecho meu post inaugural de forma triste e lamentável devido a todas essas amarras vr-sociais a qual estamos submetidos e que tanto nos impede de exercer nossos direitos, sejam eles quais forem. Eu não quero perde-los, mesmo que não goste deles.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Esclarecimentos necessários

Estou estreando minha participação na Confraria dos Peixes como postador de algo que não seja um comentário. Eu creio que talvez seja interessante contar aos improváveis leitores deste blog a quê e por quê ele veio.
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Eu poderia contar a versão longa de como surgiu a Confraria dos Peixes, mas vou resumir um pouco. Em 1984 nasceram uns guris e em 1985(?) nasceu mais um, é bom relembrar que nasceram muitos guris e gurias nos anos citados, mas apenas alguns têm importância para este relato, voltando, esses meninos viveram muitos anos sem se conhecer, aí se conheceram na faculdade. Quando seus estudos na faculdade se aproximavam do fim, resolveram criar a Confraria dos Peixes. Eu devo ter deixado escapar alguns detalhes relevantes, mas o essencial é isso.
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Para justificar o nome do blog e do grupo de indivíduos que o compõe, apresento as seguintes definições do Dicionário Aurélio:
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confraria [Do lat. med. confratria, pelo fr. ant. confrarie (atual confrérie).] Substantivo feminino. 1.Associação para fins religiosos; irmandade, congregação; 2.Conjunto das pessoas da mesma categoria, dos mesmos interesses ou da mesma profissão; 3.Sociedade, associação; 4.Teatr. No teatro francês da Idade Média, sociedade teatral dedicada às representações de milagres e
mistérios, bem como de farsas e pantomimas.
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peixe [Do lat. pisce.] Substantivo masculino. 1.Zool. Animal cordado, gnatostomado, aquático, com nadadeiras sustentadas por meio de raios ósseos, pele geralmente coberta de escamas, coração com uma só aurícula, e aberturas nasais que não se comunicam com a boca. Respira por brânquias; 2.Zool. Espécime dos peixes (3); 3.Bras. Fam. Peixinho. ~ V. peixes.
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As definições são claríssimas e por si já esclarecem a escolha do título.
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Não é fora de propósito neste momento expor a temática do blog. De maneira objetiva, os textos aqui publicados terão tudo, nada, ou alguma coisa a ver com o cheiro do papaya verde. Tomei a liberdade de escolher o tema do blog aqui, se os caros confrades discordarem de mim, azar deles.
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Sendo assim, aqui termina a minha apresentação da Confraria, tendo esclarecido tudo a respeito da mesma.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Alguns segundos de onisciência

Estava eu conversando com nosso bom amigo Metralha sobre um assunto qualquer quando, diante de alguma afirmação dele, respondi: "Sei disso."

"Eu sei que você sabe disso", foi a resposta dele.

"Eu sei que você sabe que eu sei", disse eu em seguida.

"E eu sei que você sabe que..."

Não prosseguimos indefinidamente nessa demonstração de nossos abundantes conhecimentos. Mas a idéia que me ocorreu em seguida é que poderíamos, de fato, ter feito isso. O simples deenvolvimento "ad infinitum" dessa cadeia acabaria por revelar que cada um de nós sabia um número infinito de fatos. E, visto que o número de fatos a serem conhecidos não pode ser maior que isso, segue-se daí que eu e o Metralha somos oniscientes.

Expus-lhe meu argumento, mas não consegui convencê-lo plenamente. Estávamos iniciando a discussão do assunto quando, para nossa felicidade, surgiu no recinto o ser mais violento que já contemplei com estes olhos que a terra há de comer. Ele mesmo: o nosso amigo Felipe Benette, vulgo Benettão Violento. Tivemos então a excelente idéia de deixar que ele decidisse sobre a validade do argumento.

Poucos segundos depois, no entanto, fui pela milésima vez forçado a reconhecer a nulidade do meu pobre intelecto em comparação com o dele. Preparando-me para expor o argumento que, no meu entender, demonstrava cabalmente minha onisciência, eu perguntei-lhe: "Eu e o Metralha somos oniscientes?"

E sua resposta foi: "Acredito que não, já que você precisa perguntar isso a mim."

E assim, em mais uma demonstração de sua violenta perspicácia, o Benette refutou minha tese sem sequer ter precisado ouvi-la. Sem outra opção, voltei à minha costumeira humildade de criatura não-onisciente. Mas tudo bem. Contento-me com a sensação de onisciência que tive durante aqueles poucos segundos.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Instante Decisivo

É agora, neste exato momento, que eu me aproveito da situação e juntos descabaçamos o blog Confraria dos Peixes. Por enquanto ele é puro e inocente, não tem idéia do que há por vir, se serão anões, críticas sociais, sexo, Daniela Cicarelli, youtube, Brasil anos 60 ou esfihas.

Eu sei que eu vou falar um pouquinho sobre fotografia, porque eu não me interesso pelos problemas do mundo. Existe gente mais capaz e com maior força de vontade do que eu, e confio neles para resolver tudo. Quando me intero do assunto, só passo raiva, não faço nada e perco vontade nas outras coisas. Então vamos ao meu mundo mágico onde não há nada além daquilo que fazemos acontecer, o céu é azul, com pequenas nuvens, um campo verde e florido, ensolarado por um sol bem amarelo com um sorriso assim oh :D

Alguns sabem, outros não, mas fotografia é o meu mais novo hobby, e estou me divertindo um tanto com isso. Obviamente sou amador e não tenho muita noção de como funcionam as coisas, mas estou aprendendo um pouco a desenvolver o olhar fotográfico.

Todos na verdade possuem um "olhar fotográfico". Qualquer um olha para uma situação e sabe dizer se ficaria bonita em uma fotografia. No entanto situações são dinâmicas, e vemos cerca de uma "fotografia" à cada 1/30 segundos com nossos olhos, é a taxa de atualização de imagens. Quando congelamos uma imagem, detalhes surgem que podem ofuscar o tema principal e não tínhamos percebido antes por causa do nosso foco seletivo.

Outro grande problema do "olhar fotográfico" comum é que vemos a situação com nossos olhos, que são diferentes da lente de uma câmera, pelo fato de possuirmos dois olhos e a câmera um, sem contar que o ângulo de visão é diferente.

Além de simplesmente encontrar uma situação boa, é preciso compor a imagem com os elementos do ambiente, equilibrando-os no quadro geral para se fazer uma boa fotografia. Escolher um foco para excluir todo o resto, deixando o principal em completo destaque, ou incluir tudo no campo de visão. Uma abertura grande irá diminuir a profundidade de campo, que irá fazer apenas poucos elementos aparecerem focados, o que dá um destaque enorme para uma pessoa em meio à multidão, por exemplo.

Com tudo pronto, a luz perfeita deixando as cores vivas, as sombras bem colocadas, a posição de melhor perspectiva, o foco devido com a melhor profundidade de campo e o tema escolhido, é neste exato momento que o fotógrafo não deve fazer absolutamente nada. Só esperar.

Esperar o que?

O pulo do gato, o bocejar da velha no banco da praça, a lágrima quase cair, o pombo abrir as asas, o ovo sair da galinha, o soco atingir o rosto, o espirro começar, a folha cair, a bexiga estourar e a criança chorar, o beijo inesperado recebido de olhos abertos, a gota pingar, o homem saltar e o bombeiro correr para salvar, a bolha estourar, ...


Henri Cartier-Bresson


... e somente desta forma, será possível transformar 1/30 segundos em uma eternidade.